ela me pegava pela cintura e segurava forte, escorregava a mão rapidinho, achava o buraco e no meio do trânsito de são paulo, entre as luzes dos faróis dos outros carros, o sinal vermelho e a lua cheia amarela lá em cima, eu gemia. cada vez mais molhada. cada vez mais fora desse mundo, com a cabeça lá longe, os teus dedos dentro de mim e eu segurando o teu braço e pedindo mais. passa uma moto, duas, escorre um pingo de suor no rosto, aumenta o som do rádio, buzinas. os carros passam. a gente fica. ali. na boca do farol: eu, você e a noite sem fim.
vontade de parar no tempo. vontade da nossa história ter ficado lá. vontade de te ter mulher ao meu lado, e só. me comendo. me fazendo ficar sem ar.
a gente fala tanto as vezes né? as vezes a gente não se cala. as vezes não tem assunto. as vezes falta silêncio. você me engoliu e eu nunca te transbordei em palavras. você me fez sentir plena e completa, me sentir amada, desejada, gostosa. você fez são paulo parecer pequena, fez a estrada ser mais curta e transformou o meu mundo tão só em uma festa. eu não sei o que aconteceu com nós. eu não sei o que aconteceu comigo. as lágrimas escorrem, os ponteiros do relógio giram sem pressa e eu escrevo essas palavras enquanto o pudim me olha confuso. eu não sei de nada. eu só sei que o meu mundo precisou ser só meu de novo. eu não quero me perder de mim. eu não quero ser engolida. eu quero a vida leve, a voz baixa, as palavras suaves. eu quero o silêncio.
a mão escorrega no rosto e me pega forte. forte. forte. desce pra perna, coxas. volta. sobe. e você me olha como se esperando alguma coisa. como se eu precisasse me explicar. como se eu tivesse acabado com tudo e não cansasse de acabar mais e mais. não é fácil. eu não sei o que falar. me faltam palavras e ar... ar, ar, ar. talvez me falte sensibilidade. ou talvez eu seja sensível de mais. talvez a gente precise entender que a gente se resume a isso: essa eterna tentativa de criar algo que não existe. talvez a gente não exista e sim exista a vontade de fazer isso dar certo, mas só a vontade não basta. não está bastando, né? não bastou.
eu queria te dizer palavras bonitas e te confortar nesse momento. queria te dizer que tudo vai passar, que é tudo culpa minha mesmo e que eu sou uma louca que baguncei tudo aí dentro. mas a gente sabe que não é verdade. a gente sabe que tanto eu quanto tu somos responsáveis por tudo isso. somos, não somos?
eu te desejo uma vida linda. plena. leve. que caminhar seja cada vez mais fácil e que tu possa perdoar todos os que passaram e te sacudiram um pouco. que tu ame e seja amada, muito! que tu escute. que tu sinta. que tu se deixa levar pelo outro de vez em quando também. que tu perca o controle, bastante, até entender que a gente não tem controle de nada e nem de ninguém. espero que tu lembre de mim com carinho e que a gente possa tomar uma cerveja e rir da vida de vez em quando. que tu veja o mar. que tu coma bem. aliás, obrigada por ter me "alimentado" tão bem esse tempo.
hoje a geladeira tá vazia e eu não tenho sentido muita vontade de cozinhar. hoje é sexta e eu sinto o vento do ventilador batendo nas minhas costas enquanto o pudim brinca com a caneta vermelha em cima da cama. hoje eu não sei o que vai ser do amanhã. não sei o que eu vou fazer no final do ano e nem se a minha vó vai estar viva na semana que vem. eu não sei se ano que vem eu vou estar nesse apartamento, não sei se vou conseguir emagrecer e nem sei se eu vou ver o mar tão cedo. hoje eu escolhi um monte de incertezas e tu com todas as tuas certezas e planos não coube aqui dentro. desculpa.
e obrigada.
por tudo.
te quero muito bem, sempre. te guardo com carinho. aqui dentro.
vontade de parar no tempo. vontade da nossa história ter ficado lá. vontade de te ter mulher ao meu lado, e só. me comendo. me fazendo ficar sem ar.
a gente fala tanto as vezes né? as vezes a gente não se cala. as vezes não tem assunto. as vezes falta silêncio. você me engoliu e eu nunca te transbordei em palavras. você me fez sentir plena e completa, me sentir amada, desejada, gostosa. você fez são paulo parecer pequena, fez a estrada ser mais curta e transformou o meu mundo tão só em uma festa. eu não sei o que aconteceu com nós. eu não sei o que aconteceu comigo. as lágrimas escorrem, os ponteiros do relógio giram sem pressa e eu escrevo essas palavras enquanto o pudim me olha confuso. eu não sei de nada. eu só sei que o meu mundo precisou ser só meu de novo. eu não quero me perder de mim. eu não quero ser engolida. eu quero a vida leve, a voz baixa, as palavras suaves. eu quero o silêncio.
a mão escorrega no rosto e me pega forte. forte. forte. desce pra perna, coxas. volta. sobe. e você me olha como se esperando alguma coisa. como se eu precisasse me explicar. como se eu tivesse acabado com tudo e não cansasse de acabar mais e mais. não é fácil. eu não sei o que falar. me faltam palavras e ar... ar, ar, ar. talvez me falte sensibilidade. ou talvez eu seja sensível de mais. talvez a gente precise entender que a gente se resume a isso: essa eterna tentativa de criar algo que não existe. talvez a gente não exista e sim exista a vontade de fazer isso dar certo, mas só a vontade não basta. não está bastando, né? não bastou.
eu queria te dizer palavras bonitas e te confortar nesse momento. queria te dizer que tudo vai passar, que é tudo culpa minha mesmo e que eu sou uma louca que baguncei tudo aí dentro. mas a gente sabe que não é verdade. a gente sabe que tanto eu quanto tu somos responsáveis por tudo isso. somos, não somos?
eu te desejo uma vida linda. plena. leve. que caminhar seja cada vez mais fácil e que tu possa perdoar todos os que passaram e te sacudiram um pouco. que tu ame e seja amada, muito! que tu escute. que tu sinta. que tu se deixa levar pelo outro de vez em quando também. que tu perca o controle, bastante, até entender que a gente não tem controle de nada e nem de ninguém. espero que tu lembre de mim com carinho e que a gente possa tomar uma cerveja e rir da vida de vez em quando. que tu veja o mar. que tu coma bem. aliás, obrigada por ter me "alimentado" tão bem esse tempo.
hoje a geladeira tá vazia e eu não tenho sentido muita vontade de cozinhar. hoje é sexta e eu sinto o vento do ventilador batendo nas minhas costas enquanto o pudim brinca com a caneta vermelha em cima da cama. hoje eu não sei o que vai ser do amanhã. não sei o que eu vou fazer no final do ano e nem se a minha vó vai estar viva na semana que vem. eu não sei se ano que vem eu vou estar nesse apartamento, não sei se vou conseguir emagrecer e nem sei se eu vou ver o mar tão cedo. hoje eu escolhi um monte de incertezas e tu com todas as tuas certezas e planos não coube aqui dentro. desculpa.
e obrigada.
por tudo.
te quero muito bem, sempre. te guardo com carinho. aqui dentro.
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