26 de agosto de 2017

sobre a crise

de repente ela não soube explicar mais nada. a cabeça deu um nó. pifou. máquina quebrada. coração palpitante, ar que falta nos pulmões. choro mudo que escorre nas bochechas, entra pela boca e invade a garganta com seu gosto salgado. eu não sei o que está acontecendo. eu não sei onde foi que eu me perdi. a cidade segue apressada. as pessoas correm, gritam, esbarram umas nas outras. os mendigos pedem desculpa por uns trocados á toa. ela caminha sem rumo. ela não sabe de nada. ela tem medo de não voltar ao normal. de entrar em parafuso, de acabar com tudo. logo agora que tudo parecia estar dando certo. de repente o jogo virou. a casa caiu, ela perdeu o equilíbrio e despencou lá de cima do picadeiro. caiu de maduro. coração na mão. olhos vermelhos. silêncio. mil palavras que não calam. nada faz sentido. a vida segue. a vida segue. a vida segue. eu ando na corrente mesmo tropeçando e caindo, sou levada pela maré. sou peixe solto, sou peixe leve, sou pequena e forte e fraca. eu só queria um tempo. um tempo sem nada, um tempo pra mim. eu só queria estar presente, segura, aqui, no instante de agora e só. bem simples. nada fácil.

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