11 de janeiro de 2017

sem título

29 de dezembro de 2016.

Garopaba.

sobre a chuva que cai lá fora forte como o calor do verão tardio. sobre os reencontros com a família, o lado bom de tudo isso. sobre a mesa farta, a barriga cheia, a pele morena, vermelha, o colo de mãe, as piadas e a cerveja com o pai. sobre as verdades e as chatices que continuam iguais. o tempo passa, tudo permanece e eu me transformo a cada dia. a Lua tem medo dos raios, ofegante procura um buraco para se esconder. não tem refúgios nessa casa, não tem onde se esconder. o meu tempo é pouco, os dias passam rápido, intensos e agitados. eu quero a calmaria, a paz, o respirar tranquilo, o cheiro de mar e o gosto de praia. eu quero sentir tudo, de verdade. sem hormônios, cigarros e toda essa baboseira do mundo moderno que inventaram pra gente não olhar pra dentro, pra esconder a verdade, pra calar o coração. talvez eu exploda, talvez eu me perca, talvez eu mude tudo, comece de novo, peça socorro ou voe pra longe, bem longe, lá pro alto. ou talvez eu seja eu e tudo esteja bem, talvez eu me entenda e me respeite melhor e tudo isso, todas essas transformações, sejam leves. talvez não. talvez sim. quem sabe? e o ano novo vai chegar e eu vou entrar lúcida, consciente, comigo e só. de mãos dadas com a menina que virou mulher e que de repente se viu grande na selva de pedra. a menina que foge pro mar, que respira o verde e que não tem do que reclamar. a mulher que procura um caminho, que busca uma mão pra segurar, que caminha só em busca de um alguém que queira/possa/esteja aberto e preparado a compartilhar.

11 de janeiro de 2017.

São Paulo.

uma sala ampla, branca, janelas grandes, muitos computadores, muitas vozes, cabeças, barulhos de telefone. lá fora um calor digno de verão paulista, não tão forte, húmido e insuportável como o calor de porto alegre, mas quente, bem quente, daqueles que dá vontade de mudar para um prédio com piscina, daqueles que dá inveja das fotos no instagram da galera que está na praia, daqueles verões dignos de janeiro, de cidade grande que não para e de toda essa gente querendo ganhar dinheiro e trabalhar em um ano que nem começou de fato realmente. hoje é quarta. amanhã quinta. depois tem sexta, sábado e domingo. a lista de planos já está bem cheia, a vontade de realizá-los existe, é verdade, mas parece que tomar uma cerveja e fumar um baseado é sempre mais divertido. a gente é essa mania de se sentir completo, de ser feliz e realizado, de trabalhar, namorar, ter uma casa aconchegante, um animal de estimação e muitos eventos com os amigos. essa mania estranha de gente grande que faz terapia, paga as contas e quando vê se passaram dez anos e nada aconteceu.  


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