pequena era ela a caminhar entre os prédios altos com seus paços curtos de menina que tem medo de pisar nos buracos. pequena era a pulga que saltitava pela casa buscando uma fresta. pequeno era o mundo quando fazia calor e o vento parava. pequeno era o prato quando nada lhe saciava a fome e a vontade de mais. pequeno era o apartamento cheio de quadros e fotos e recordações que se inovavam a cada dia. pequena era a gata que se enroscava nas suas pernas buscando um pouco de carinho. pequenas eram as pessoas perdidas dentro de si mesmas. pelos cantos de cada lugar da cidade ela se perdia. caminhava meio sem saber pra onde meio assim calada, exaltada, animada, e cansada. meio chateada, meio reclamona, dando risada de qualquer coisa, meio alegre triste, assim, sabe? você sabe? você não sabe de nada do que vem e do que vai, você não olha pro lado, você não tropeça, você não trepa. você não sabe o que quer e nem pra onde ir, em quem acreditar e pra quem se entregar. você tem medo dela e da sua pequenez gigante. você ri de mentira e chora de verdade. você explode e destrói corações assim como constrói amores. você não existe, você morreu e matou todo o colorido dela. assim meio sem saber porquê, meio egoísta, meio alto suficiente demais. pequena era ela que se encantava com o simples dos dias, com os pássaros, as pessoas, a sujeira e a poeira. pequena era ela que não queria nada e nem sabia muito, que caminhava sozinha pela rua movimentada e ali, quase pisoteada, se sentia gigante no meio de toda aquela solidão tumultuada. somos sós e somos nós e ela é muito melhor sendo ela bem longe de você. você que só sabe machucar, você que não tem respeito, você que chora sozinha porque não tem nada. você que fez dela um pingo de café amargo e que a largou em um canto desse seu coração tumultuado. você e ela não tem mais nada e o nada que ficou já é o bastante pra deixar de ser qualquer coisa. você a maltrata. você a seduz. você silencia a pouca voz que ainda lhe resta. mas ela que não é nem boba nem nada e você que pode até parecer perdida mas que sabe muito bem o que quer seguem caminhando desconexos, meio assim capengas, meio tropeçando e caindo com a cara no chão. vocês que não passam de passado ainda sofrem pensando que está tudo bem. e você sabe que nada disso é verdade. e ela sabe que nada pode fazer mais. você não fala e acha que o silêncio e o tempo podem resolver alguma coisa. você está errada. você não é capaz de resolver nada. você é fraca e ela já não sabe se tem forças pra aguentar mais. pequeno era o amor que se apagou bem rápido. pequeno foi o tempo em que a alegria se foi. pequeno é pensar que nada disso importa quando de repente brota do texto tudo aquilo que queria ser dito. ela era muito e queria tanto que pequena ficou quando se viu só e desiludida. você não merecia nada daquilo e pequena é ela em ter tentado te dar alguma coisa.
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