2 de março de 2015

quero um riso leve, um cheiro suave, um gosto doce.

quero um barco meio mar, um porto meio lar, um corpo feito pra se amar e sem receio. meio assim doente, de repente, cheio desse olhar ausente. meio louco, meio um sufoco, meio coca-cola, meio mal dá bola, meio inconsequente. quero um dia sem tempo e com gotas de chuva invertidas que sobem pro céu. quero um corpo de mulher saudável transpirando na minha cama. quero um riso leve, um cheiro suave, um gosto doce. eu era uma menina jovem demais pra ter vivido tudo o que viveu. era uma velha que ainda precisava amadurecer bastante. e era uma criança faminta por novidades. tinha as unhas curtas e os dedos largos. mão pequena, pés levemente tortos, virados pra dentro. meio intro, meio explosiva demais, meio alegre com os olhos cheios de mágoas. quero um cafuné no canto direito, perto da orelha, a mão que desce pro pescoço, que desce pras costas, que aperta as costelas e vai descendo, deslizando, arrepiando cada canto meu, ou cada canto seu. quero a respiração ofegante, misturada com a falta de ar, misturada com os gritos e sussurros no ouvido atento, na língua que caminha pelos cantos, que lambuza a pele e deixa tudo ficar assim meio cintilante, meio quase um sonho. quero um tempo mais tranquilo, um dia só contigo, o teu olhar atento, a tua boca tímida e o meu coração leve. meio sem saber porquê, meio sem saber de nada, meio sem esperar resposta, sem fazer aposta, sem querer estar à mostra. meio escondido, meio tímido, meio com medo de sair partido. quero perder o controle, te deixar voar e me querer aqui bem terra, enraizada nesse apartamento, no meio do cimento, entre as minhas fotos e minhas vontades e minhas verdades e meus medos. o meu rosto no espelho e lá fora o silêncio da cidade. era um barco num mar um tanto quanto bravo, que se balançava junto à correnteza, entre os peixes, as borboletas e as sereias. era um tanto quanto jovem, corajosa e forte, meio destruída, meio acabada, com a carcaça cansada. quero que tu vá pra longe e que a tua alegria seja silenciosa e que me deixe aqui quietinha, sendo bem cuidada, sendo muito amada, pra voltar bem forte e querer muito mais dessa cidade louca. quero o gosto da ressaca pra te deixar calada e deixar que venha toda a alegria, toda essa magia desse carnaval delícia que me contagia e me faz sair assim de casa, sambando pela rua e dando gargalhada como se o ontem já tivesse passado e o amanhã fosse distante e só o agora importasse. meio inconsequente, meio água de côco, meio tapioca, meio lambuzada, revoltada e com sede de graça, de gente querida, de carinho, cafuné no ouvido e todas aquelas coisas que tu há tanto tempo não me dava. quero estar comigo agora e te deixar aí no teu cantinho livre leve e solta e que seja muito alegre longe, bem longe, porque agora já passou da hora e essa história já acabou faz tempo, os ponteiros já não giram mais e eu só quero estar bem e por assim dizer feliz comigo mesma e com mais nada. ame porque o amor é bom e eu me sinto cada vez mais apaixonada pelos meus amigos, pela companhia, a fotografia e todas essas coisas boas que a tua ausência tem me proporcionado. te agradeço porque esse momento não seria tão especial não fosse tudo o que passou e toda a água que correu... quero transbordar bem leve e me fundir com a chuva da cidade e alagar as ruas e inundar os parques e assim lavar a alma para que enfim a morte passe e o novo venha forte e cheio de energia para colorir os dias e sorrir a alma.

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