madrugada. sobre picadas de mosquito e calor. sobre ter que fechar o ano e não saber muito bem o que será do amanhã. hoje eu acordei pensando em ti. me despertei no meio da noite com os gatos enroscados na minha perna e o suor escorrendo pelo pescoço. cabelo molhado, coceira, zum zum no ouvido. falta de ar. nenhuma brisa circula nessa cidade nessa madrugada de quinta-feira. em pleno verão porto alegre sufoca seus habitantes. o dia foi cinza e a noite estrelada. a lua minguante em escorpião. choveu pouco perto do que parecia. não refrescou nada. o ar do bom fim não é tão leve como o da zona sul. o cheiro de cigarro invade as narinas e o sono não vem de jeito nenhum. hoje deu vontade de voltar. deu saudade da minha cama, do barulhinho de água embalando o sono, do meu ventilador refrescando os pés, de ti dormindo profundo do meu lado. senti medo também. medo de não saber nada e de estar um pouco cansada de tudo. entende? solidão em porto alegre. aos poucos os carros começam a circular e os passarinhos a cantar. o dia nasceu e deu vontade de ver a cidade acordar. vestiu a roupa, tomou mais um copo de água, lavou o rosto e silenciosamente partiu. o sol nascia amarelo e pela manhã é incrível o carinho que ele faz no rosto. sempre gostou das manhãs mas raramente se dispõem a acordar cedo. cheiro de café. as pessoas indo trabalhar, o ônibus levemente lotado e o ar condicionado funcionando. aos pouco o calor do sol invadia as ruas e ela voltava a transpirar. foi até o rio, sentou no banco verde e ficou olhando a água e suas mini ondinhas indo e vindo entre a sujeira. não tem brisa tão boa quanto a brisa da zona sul, aqui parece que o verão não é tão forte, não sei. aqui tem cheiro de família, tem histórias, tem saudade. a zona sul pra mim é melancolia e hoje eu quero só ficar pertinho dos meus e mais nada.
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