obrigada.

faz tempo que o tempo comeu meu tempo. faz tempo que os ponteiros giram rápido, o sol se põe mais cedo e as palavras são retas, diretas e objetivas... não danço mais prosas poéticas nem dou "boa noite" pra mãe... não escovo mais os dentes depois do almoço e nem saio de casa com a cara lavada. faz tempo que não uso chinelos, que não como cogumelos e nem me perco entre o ontem, o hoje e o depois de amanhã... o agora me pegou de jeito e tô gostando de sambar em linha reta... um dia depois do outro e mais outro e outro... a voz dela de fundo cantarolando no chuveiro congela os ponteiros do relógio e faz a noite chegar mansa... tempo nunca foi nosso problema: invertemos as horas e sapateamos juntas entre os ponteiros... dois pra lá, dois pra cá, três girinhos e algumas piruetas. de nada reclamo, só agradeço. obrigada sr. tempo por me dar bastante coisa pra fazer.

(20 de agosto de 2013)