criou e cultivou a mania de tirar os sapatos ao entrar em casas, apartamentos, salas de ensaio. gostava de sentir o chão e de libertar os pés depois de um dia intenso de caminhadas. falou do tempo e sentiu a criatividade e o turbilhão voltando. era como sentir o chão frio com a ponta dos pés e querer voar longe com ela agarrada em suas costas. era bom, é bom. e os dias têm sido intensos, românticos e intermináveis. nas noites se surpreende com encontros casuais que viram sessões de terapia regadas a beijos, abraços e amassos. pulou do penhasco de novo e fica feliz em descobrir que ainda leva jeito para a coisa, que o coração não secou e que pode ser ela sem se preocupar e poupar as palavras. "não me venha com velhos conselhos, ando me redescobrindo por inteiro e ter medo nunca me ajudou em nada". pode sim, enfim, ser a sagitariana galopante sorridente e intensa. não é errado, não machuca ninguém. só quer o bem. ela chegou assim de surpresa em plena loucura de carnaval: entre alegrias, alegorias, goles de cachaça e um bocado e tanto de marchinhas improvisadas. deleite total. elas se olham nos olhos e se vêem refletidas uma na outra. somos nós em outras épocas e melhores juntas e agora. "eu poderia te dizer todos os eu te amo guardados, escondidos entre trapos de insegurança e pitadas de falta de coragem... eu poderia te escrever textos e te dizer as mais belas palavras só pra te ver assim boba com os olhos brilhantes e um sorriso no canto da boca... eu poderia te fazer dormir nas noites de insônia ou te acompanhar em mais uma taça de vinho... eu poderia alimentar a tua gata, cozinhar um massa e te contar histórias passadas... eu poderia ser eu te querendo assim como tu é: com as loucuras, as lágrimas, os sorrisos e os medos. uma menina mulher de olhos grandes e mãos pequenas... de coração aberto, entregue, alegre. eu poderia escutar a tua voz por horas e me perder em recordações gostosas da tua risada na minha cabeça. eu poderia ir te encontrar em qualquer lugar e te levar pra praia e molhar os pés no mar. eu poderia te ouvir falar... eu não quero mais o silêncio e contigo é como se eu sentisse essa maré de velhas histórias repetitivas indo embora. é como se o meu redemoinho finalmente tivesse terminado. é como fechar um ciclo, finalizar uma etapa difícil e se libertar de velhos medos e mágoas." calçou os sapatos e saiu apressada pela porta de madeira. evitou o elevador e dispensou as caronas: queria caminhar, sentir a brisa da noite e o outono chegando em época de sol em áries e fogo por todos os lados. chovia lá fora e as gotas tão leves nem chegavam a molhar seus cabelos. não sentia frio... nem calor. não sentia cansaço, nem dores nas pernas e nos braços... era como nos velhos tempos, era como há um ano atrás: caminhava e admirava a cidade e se perdia em pensamentos bons sobre os presentes que tem recebido da querida pátria amada. "e que siga doce, leve e bom. e sorrisos e suspiros não nos faltem."
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