tem dias em que ela coloca o disco pra tocar e deixa as lágrimas caírem suave e salgadas pelo rosto... não tem porquê, não tem motivos, mas as vezes parece tão difícil ser feliz... por mais feliz que esteja. ela as vezes se esquece que voltou, ou então se esquece que não estava por aqui. sente falta da sua casa. sente falta de morar perto de tudo. sente falta de não ser betânia, de não ser daqui, de não ser de nada. nada foi superado e voltar é tão difícil quanto ir. se afastou de todos que por lá viveram com ela e recordar ainda lhe causa dor... quer ser feliz mas sente uma mão lhe puxando o tornozelo e lhe fazendo tropeçar em plena terça-feira de festas e celebrações... quer se dar alta mas não consegue, é como se as tristezas insistissem em voltar, é como se as feridas não cicatrizassem nunca, é como um acúmulo de dores prestes a explodir no meio de milhões de alegrias e alegorias... é como se o carnaval fosse algo distante e toda essa luxúria e esse excesso de amor fossem de mentira, passageiros como tudo sempre é e continuará sendo... é como se caetano cantasse a mesma canção repetidas vezes, é como se o tempo deixasse de ser inconstante e o vento ventasse sempre para o mesmo lado. é como conseguir tudo o que sempre se quis e mesmo assim não ser suficiente, é como se sentir sufocada com o calor do verão e pedir socorro para o silêncio. eu não queria nunca ter te conhecido, eu não quero nunca mais conhecer ninguém. eu quero seguir assim sozinha. eu não quero amar. eu não quero que me amem. eu não quero mais pensar em ti e nem saber das tuas tristezas ou da tua felicidade. tire seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor. eu não quero mais ir do oito pro oitenta em quarenta e sete segundos. eu não quero mais me sentir pisoteada jogada na sarjeta. eu não quero mais gostar de quem não gosta de mim. que depressão ridícula de gente louca. ela deveria se envergonhar de usar essas palavras. ingrata. isso sim. ela não dá valor ao que tem, ao que vive e ao que viveu. ela não dá valor ao que é. ela quer ser resgatada e poder olhar pra frente com esperança. ela não quer fugir e ir embora de novo, mas anda sendo difícil viver em uma cidade enfestada de mágoas. e que toda essa porra vá pra puta que pariu. e ponto. hoje eu cansei de ser querida. hoje eu cansei de querer o bem. hoje eu cansei dessa nuvem preta que invadiu a nossa harmonia e cancelou o nosso carnaval. hoje eu cansei desses mortos, hoje eu cansei desse fogo e dessa gente que fala demais e faz de menos. hoje eu cansei das poses das meninas bonitas e dos olhares atravessados das bixas más. hoje eu cansei de ter que fingir que tá tudo bem quando na realidade as vozes estão desafinadas, silenciadas, amarguradas. hoje eu quero ir pro mato e esquecer de tudo isso. hoje eu não quero que esse texto seja lido. eu só quero desabafar, tirar isso daqui de dentro e te mandar a merda de novo. muito obrigada por ter aflorado todo esse turbilhão de sentimentos dentro de mim e por ter tornado essa volta muito mais difícil. foi muito gentil da tua parte. (e que fique claro que eu acho horrível e deprimente sentir tudo isso e também acho triste desejar essas coisas para alguém... mas hoje eu te tirei da minha parede e te guardei numa caixa de papelão, junto com as cartas não lidas).
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