21 de janeiro de 2013

sem palavras


sobre a falta de folhas brancas e o emaranhado acumulado de palavras atrasadas, guardadas, encaixotadas junto com metade das recordações que ela ainda não tirou da mala... ali, atirada num canto, ficou a esperança e a lembrança boa daquilo que foi assim como um sonho e que hoje deixa a dúvida de ter realmente existido... e aos poucos sua coleção de decepções vai aumentando. queria não estar aqui, muito menos lá. queria fugir, se mandar, berrar meia dúzia de palavras feias e partir novamente. ela anda pelos lados contornando o rio, não sabe o que quer, não sabe pra onde ir e nem se deve ficar. se atira de vez em quando entre uma onda e outra, se afoga, engole a água salgada e quando o ar já lhe faz falta e o mar se torna confortável volta das profundezas... "a vida podia ser tão simples... e agente não precisava ter se machucado tanto. é desgastante. se eu conseguisse te entender um pouco talvez não sentiria tanta raiva e até quem sabe te desejaria coisas bonitas... e se hoje fosse uma segunda-feira chuvosa confesso que adoraria. se as histórias não se repetissem tanto talvez sentir isso pudesse até ser bom, como uma nova aventura. mas tudo é sempre igual, a mesma sensação, o mesmo redemoinho. e no fim, sou sempre eu que perco a festa e que acordo com os olhos inchados no outro dia: sozinha, fodida e mal paga." bebe mais um gole da cachaça de jabuticaba doce doce e dá um pega no cigarro ainda aceso ao lado da cama. sim, voltou a fumar, infelizmente. voltou a tomar pílula também, voltou a comer frituras e tomar refrigerante. parou de escrever e anda fotografando em excesso. "talvez eu seja dramática sim. não importa. talvez esse ano tenho sido apenas um devaneio bom e o que ficou do lado de lá ficou, foi esquecido em alguma gaveta e ponto. talvez agente siga falando sobre fotos, montreal e mpb... uns baseados. banalidades. tu, os teus olhares perdidos e o teu silêncio gritante. talvez eu seja muito mesmo. e tu, muito pouco. e não me venha com não me venha e nem me peça pra relaxar, me poupe dos teus conselhos passivos de quem tem medo de ser mais". dois mil e treze tem sido aquático e quente, com direito a mergulhos e fogueiras em baixo da lua... anda sendo difícil ficar na cidade. ela tem um calendário colado na parede com os planos da próxima semana anotados, não faz planos muito longos porquê não anda sabendo de muita coisa no momento. mas quer ir pra são paulo, quer mudar o quarto, quer fazer um filme e andar de bicicleta com mais frequência, quer comprar um macacão amarelo, ir pra bahia e voltar a estudar francês, quer aprender a tocar piano e comprar uma lente nova, quer dançar, cortar o cabelo e acampar. quer pular carnaval, tocar berimbau e andar de perna-de-pau. quer ser feliz, e só. e assim há de ser e será.

Nenhum comentário:

Postar um comentário