5 de dezembro de 2011

porque hoje o dia amanheceu noite.


sufocada. com as mãos atadas nas costas caminhava pela noite vazia como uma prisioneira de si mesma, perdida em pensamentos ruins, com um nó na garganta e os olhos cheios de lágrimas. voltava a sentir aquilo que não gostava e que pensava ter deixado do lado de lá. as inseguranças vieram com ela, infelizmente. hoje o dia amanheceu noite. cinza e chuvoso, uma segunda-feira demorada e silenciosa. não se aguenta mais, cansou de si mesma. não quer mais o dezembro, a neve, o aniversário, o natal... queria pular todas essas datas comemorativas e ir direto para o fim do mundo em dois mil e doze. quer respirar de novo. tampouco quer voltar, não mesmo, não agora. gostava desse seu novo mundo apesar de ele as vezes lhe parecer tão solitário e escuro. jodorowski não a ajudava nessas horas. como um arlequino ele se perdia nas mesmas indagações que ela. companheiros um do outro, sofriam demais por sentir os extremos e os pesos do mundo. chile, montreal, porto alegre... tudo a mesma bost... não adianta fugir de si mesmo. pra onde quer que ela fosse a outra lhe acompanhava. queria berrar, chorar, se escabelar. queria correr pelo parque nua e congelar deitada na grama verde olhando o céu. o céu cinza escondia a lua crescente. montreal escura e vazia. não tinha pra onde fugir, não tinha encontrado seu porto seguro ainda. não poderia olhar o pôr do sol do guaíba e chorar acompanhada da música e da voz grossa que está lá na ponta de cadeia agora, em pleno verão, talvez tomando uma cerveja e pensando na vida... como ela. mas ambas sós. sós e acompanhadas pela sua própria solidão. sabe que logo logo, talvez em algumas horas, estará rindo de tudo isso e da sua ridícula carência. sabe que não tem motivos para tamanho drama. e também sabe que sua primeira tpm não iria passar em branco por essas bandas de cá. que saudades que sente da sua terapeuta maravilhosa e das suas palavras tranquilizadoras. escreve porque nesse momento é o melhor remédio. botar pra fora sempre é bom, mesmo torcendo para que dessa vez ninguém leia o seu texto. sente vergonha das palavras e dos sentimentos. não tem o direito de sofrer. não aqui, ou ali ou acolá. amor não lhe falta, do lado de cá ou do lado de lá ou no quarto ao lado. sabe disso... e mesmo assim sente a dor de quem não é amada. ridículo. no fundo precisa ser ouvida e ouvir coisas bonitas nesse momento. pede desculpas antecipadas pelas besteiras ditas, não passa de um momento de tristeza, desses que doem no fundo da alma e que passam com o vento... vai passar, tem certeza de que vai passar, assim como tudo sempre passa e termina em sorrisos e olhos brilhantes. que seja doce como o kitkat que acaba de ganhar... e que amanhã tenha sol ou que pelo menos esteja preparada para mais um dia cinza.

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