nostalgia

o meu segredo tá escondido dentro de uma caixinha pequena, de papelão, lá no fundo, onde nem conchas, nem peixes, nem ninguém alcança. sem ar e sem cor. num preto e branco que me cega, numa escuridão amarela que ilumina tudo aquilo que eu não posso alcançar. meus olhos se fecham, e tudo parece tão longe, tão inatingível que a vontade é de voltar no tempo e respirar, só. nesses tempos de verões que se vão, o ano engrena e parece que não vai terminar nunca, e tudo é tão bom e tão assustador que dá uma imensa vontade de dormir e sonhar, e sonhar e sonhar. mas o sono não vem, então coloco meus óculos escuros e me escondo na penumbra daqueles que o vento carrega, como num redemoinho sem fim.