maria queria escrever e as palavras saiam sem se encaixar e nem ter nexo. era difícil formular uma frase. foda-se tudo. cansou de ser maria. cansou de querer, de tentar, de lutar. essa selva de pedra cinza lhe sufoca e precisa do mar pra voltar a ser ela. o que eu faço? o que eu quero? quem eu sou? o quê se perdeu nesse meio tempo? o quê ficou? nada era o que parecia. nem ela queria ser o que pensava que queria. quer ser leve e só. quer a vida simples. quer se sentir satisfeita e feliz consigo mesma. quer gostar do que vê, do que lê e do que escreve. anda cansada de si mesma. de novo. não consegue publicar nada. não consegue ler nada seu. tudo parece tão chato. tão bobo. tão parecido com tudo o que sempre fez. que preguiça. a vida podia ser tão simples. de frente pro mar, ouvindo os sons das ondas. e do violão. tinha os olhos marrons mais lindos que vi. os cabelos crespos salgados. a pele dourada do sol. tinha o mar nos olhos e o suspiro dos ventos nos lábios. cantarolava leve. via o dia ir. via os pássaros voando. saudade. saudade da imensidão azul. do horizonte. saudade de mim. saudade de não ter pra onde ir, o que fazer, pra quem dar satisfação. saudade de se perder na falta de razão, de perder o chão e ser nada. eu quero uma praia vazia e um céu transparente. eu quero noites de chuva mansa e ar puro pra respirar. eu quero não ser engolida pela metrópole e fugir desse ano maluco transbordante que não acaba nunca. que venha logo o fim. que venha logo o inferno astral e o novo. não te quero mais dois mil e quatorze. não quero mais lutar por você. não quero mais ser qualquer coisa. eu quero a minha inocência de volta. eu quero não querer nada e nem lembrar do que não foi. eu não quero passado e nem futuro. eu quero o agora. e quero o prazer. eu quero sentir aquele arrepio na espinha que dá. eu quero o tesão de subir no palco. eu quero me apaixonar, por mim, por você, pelo céu e pelas estrelas. pela vida. mas sim, a vida poderia ser tão simples... assim, como a menina que canta agarrada no violão, com os pés na areia. na beira da praia. como o silêncio da madrugada. como a brisa da primavera. como o cheiro de café. como estar apaixonado e viver e só. sobre não ter amanhã. sobre ser agora. sobre estar. (entre escrever e se perder na confusão das palavras preferi te aceitar e te publicar, se não seria mais um rascunho perdido entre os tantos que eu exclui hoje. é preciso atualizar. mesmo que o novo não seja tão bom quanto o antigo. é preciso aceitar o agora e não pensar mais no que ficou. deixa o passado pra trás, cansei de ser memória.)
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