6 de maio de 2012

aos andarilhos e ao vento




de um lado para o outro. entre estradas duplicadas, morros verdes, céu azul e lua cheia... ela vagueia de uma cidade para outra como um andarilho... sem rumo, sem casa, sem pátria. não se sente de lugar nenhum, não quer ir, não quer voltar, não quer ficar... tudo continua igual, menos os seus olhos agora mais abertos e sensíveis à luz solar, vitamina energizante extremamente necessária para manter a sanidade... eles não entendem isso agora, e talvez não entendam jamais... ela fala uma língua estranha e por horas não quer falar nada, está cansada de explicar, traduzir, contar tudo... como se fosse possível contar assim em alguns minutos o que sentiu, viveu, viu, respirou... por isso talvez tenha sido necessário fugir para perto do mar e voltar assim leve e tranquila... caminha como que pisando em areias fofas e escuta o barulho das ondas sempre que os pensamentos tristes lhe invadem a cabeça... os domingos continuam sendo difíceis, como do lado lá, e continua sofrendo com surpresas não tão agradáveis de pessoas que admirava e cultivava algum tipo de carinho ou sentimento bom... sentimento esse que agora se vê perdido entre silêncios e cinismos... cultivar-se ao invés de despedir-se... bonito, poético e mentiroso. sem críticas claro, só temos que ser realistas e entender que a planta já morreu faz tempo, por falta de água, atenção e carinho... nada foi cultivado e não se pode terminar com algo que nem sequer começou. te dou a minha benção e que cultive lindas flores pelas ruas do portinho, que seja muito feliz e que algum dia tenha coragem de me dizer palavras honestas e verdadeiras, bonitas não, por favor, dessas já estou farta. ponto final, nova linha. ela quer viver assim levinha e poder confiar nas pedras, nas flores e nas formigas que encontra nesses mil caminhos que percorre dia a dia... simples, não? viajo porque preciso, volto porque te amo. se eu soubesse de alguma coisa não estaria sempre indo e voltando. não sei de nada, os pontos de interrogação me perseguem e o vento lá fora berra alto, o sol ilumina a praia e aqui também faz frio. e por horas faz muito calor. assim como a idade, o tempo e as estações também são muito relativos, e ela já desistiu de entrar em um consenso. eles estão no outono, eu quero o verão e o inverno insiste em me perseguir... assim como já não sabe se fala na primeira ou terceira pessoa, se fala de si ou de outra, se fala da moça insegura e confusa de porto alegre, ou da mulher segura e independente de montreal... as pessoas ali vivendo, e ela aqui de pijamas, cheia de indagações e palavras sem nexo, nessa praia linda... e o tempo que parece que não passa... mas isso era tanto viver que as horas decorriam felizes e distantes como se já estivessem marcadas pela saudade. e ela precisava ir, continuar voando... depois de partir é muito difícil permanecer no mesmo lugar... e voltar parece quase impossível, apesar de inevitável.

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