pedalando em porto alegre, ao som de apanhador só, na beira do rio em ipanema. não que seja algo comum em sua rotina, na realidade raramente tira a bicicleta da despensa... os pneus estavam murchos e a poeira dominava grande parte do aluminio cinza que cintilava de alegria por poder ser útil de vez em quando. nos bolsos cigarros, chave de casa e algumas moedas. pedalava tranquila, sem pressa. não queria exercitar as pernas nem gastar as calorias do almoço com as amigas. só queria respirar com calma e se deixar ir. inverno, vento no rosto, olhos lacrimejantes de frio. ela dá um pause na música e fica a escutar o som das pequenas ondas que vem e que vão. o som dos carros que passam. é sexta-feira e a noite se aproxima. no céu as primeiras estrelas já brilham e as lâmpadas da cidade aos poucos vão ascendendo, como átomos flutuantes de fogo, que vão queimando enquanto voam. queimando, não pensando. como vaga-lumes. silêncio. saudade. tudo brilha intensamente enquanto ela se esconde em seu capuz vermelho, quentinho. na sua direita uma ponta de céu amarelo fogo e nos seus pés um cachorro cava um buraco na areia, como que se estivesse buscando algo muito importante. a chuva deixou vestígios, os galhos na beira do rio avisam que uma tempestade passou por aqui. mas hoje é sexta-feira e o sol finalmente deu as caras. agora só resta esperar a lua com seu coelho branco a observá-la. ela vai... mas ela volta. uma cartomante lhe disse esses dias. assim como disse que logo logo irá colher o que vem plantando e que também não deve falar tanto da sua vida e dos seus planos... enfim. a solidão se faz boa e necessária. ela anda querendo outras palavras, outros caminhos... e galopar descalça, com os cabelos soltos e as mãos vazias. sem arrependimentos.
linda!
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