24 de julho de 2011

suspiros ao entardecer


pedalando em porto alegre, ao som de apanhador só, na beira do rio em ipanema. não que seja algo comum em sua rotina, na realidade raramente tira a bicicleta da despensa... os pneus estavam murchos e a poeira dominava grande parte do aluminio cinza que cintilava de alegria por poder ser útil de vez em quando. nos bolsos cigarros, chave de casa e algumas moedas. pedalava tranquila, sem pressa. não queria exercitar as pernas nem gastar as calorias do almoço com as amigas. só queria respirar com calma e se deixar ir. inverno, vento no rosto, olhos lacrimejantes de frio. ela dá um pause na música e fica a escutar o som das pequenas ondas que vem e que vão. o som dos carros que passam. é sexta-feira e a noite se aproxima. no céu as primeiras estrelas já brilham e as lâmpadas da cidade aos poucos vão ascendendo, como átomos flutuantes de fogo, que vão queimando enquanto voam. queimando, não pensando. como vaga-lumes. silêncio. saudade. tudo brilha intensamente enquanto ela se esconde em seu capuz vermelho, quentinho. na sua direita uma ponta de céu amarelo fogo e nos seus pés um cachorro cava um buraco na areia, como que se estivesse buscando algo muito importante. a chuva deixou vestígios, os galhos na beira do rio avisam que uma tempestade passou por aqui. mas hoje é sexta-feira e o sol finalmente deu as caras. agora só resta esperar a lua com seu coelho branco a observá-la. ela vai... mas ela volta. uma cartomante lhe disse esses dias. assim como disse que logo logo irá colher o que vem plantando e que também não deve falar tanto da sua vida e dos seus planos... enfim. a solidão se faz boa e necessária. ela anda querendo outras palavras, outros caminhos... e galopar descalça, com os cabelos soltos e as mãos vazias. sem arrependimentos.

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