aquela solidão voltou de novo... aquela que insiste em bater na porta quando tudo parece estar indo bem. ela chega, sacode a casa de um lado pro outro, tira os livros do lugar, quebra o computador, coloca a cama no teto e a mesa de jantar no banheiro... deixa tudo de pernas pro ar e vai embora, me deixando assim, acabada, confusa, arrumando a bagunça e tentando voltar não sei pra onde de novo. essa louca que me pega de surpresa me diz que chega dessa vida, chega de levar as coisas assim, chega desse mundo. nessa semana (que finalmente tá terminando) fiquei sabendo de desgraças e mais desgraças. são pessoas espancando as outras atrás de um cofre inexistente em uma casa de praia onde a harmonia e a alegria dominavam. sobrou só destruição... e vida. são os índios sendo assassinados e as florestas destruidas. são pessoas dirigindo que nem malucas e se matando no trânsito. são homens tendo ataques de fúria e batendo uns nos outros, pais e filhos se matando, casais se matando, homens espancando mulheres, mulheres protegendo esses homens. mães e filhas se atacando com palavras cortadas entre sentimentos passados de mágoas antigas, palavras disparadas como armas. são evangélicos imbecis protestando contra a lei da homofobia. parece que tá tudo ao contrário, gelado e branco. tanta merda, tanta merda. tanta gente idiota reunida em um único espaço tempo. isso cansa, desgasta, dá vontade de fugir. fugir pra onde? depois do dia cinza e chuvoso veio o sol. e nessa mesma semana nasceu uma criança. uma vida. e nessa mesma semana eu ouvi o galeano me dizendo coisas lindas. "vale à pena" ele diz, "há de valer a pena". por essa criança se vive e se luta por algo um dia talvez mais tranquilo, por um novo mundo que nos espera. eu tenho esperança, apesar de as vezes ela me abandonar e me deixar aqui largada... ela sempre volta.
"esse não é o único mundo possível. esse mundo de merda está grávido de outro. e são os jovens que nos levam pra frente." Eduardo Galeano
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