16 de março de 2011

das coisas que ficam dos dias que vão


por entre as pedras cristalinas e geladas caminhava e mergulhava sem saber onde estava pisando, como que procurando naquela realidade adversa encontrar o seu eu perdido e querido. estava bem. respirava aliviada ao som dos sabiás e sentia o cheiro forte de fogo... e a imensidão da água que passava ao seu lado cantando versos de amor... nada lhe importava naquele momento. sentidos aguçados em uma noite vazia e escura. foi como guiada por passos amigos. caminhava sem ver... ia como que levada pela mata, por algum bicho luminoso que lhe dizia que por ali as coisas seriam melhores, por ali ela encontraria aquilo que tanto procura. foi quando nesses dias de paz e introspecção ela se depara com tudo que sempre esteve na sua frente. as pedras continuam no caminho, mas dessa vez são tão leves que ela pode chutá-las para bem longe, mesmo sabendo que logo logo as encontrará novamente. ela fala coisas incompreensíveis e pensa que as profundezas do ser habitam a sua alma. engano seu. esteve vazia nesses dias. não escreveu, não leu. só sentiu. sentiu tanto que por muitas vezes o silêncio era a melhor explicação. e por entre as brumas ela foi indo, descobrindo por trás de cada nuvem um novo ser, um novo morro, um novo mar... como se tudo fosse um sonho sem fim... foi isso, foram dias de sonhos sem fim... e sem explicação... ela me dizia que tudo aquilo era muito bom, que não queria voltar... mas que tinha que voltar. voltar... até hoje não sei se ela voltou, é como se estivesse chegando a cada dia e ao mesmo tempo é como se nunca tivesse ido... ir e vir... estar... estar sendo... como partículas de moléculas intransponíveis e caóticas... vai indo, voando pra longe e pra perto do sim. de si.

Um comentário:

  1. Que bonito, B. Foi uma leitura de reconhecimento e revisita, onde senti os passos pelas mesmas pedras e tentei desviar dos pontos escorregadios, até quase perder a sandália do pé direito!
    (...) esteve vazia nesses dias. não escreveu, não leu. só sentiu. sentiu tanto que por muitas vezes o silêncio era a melhor explicação. (...) oi isso, foram dias de sonhos sem fim... e sem explicação...
    Amor::Prux

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