25 de novembro de 2008

Estação Malcon

ninguém enche até a boca um copo com vodca. ninguém bebe com golinhos curtos um copo com água. ele estava sentado em uma mesa sozinho, só ele e o copo (quase uma taça). ele tomava três pequenos goles por vez, com a mão direita, levantando o dedo minguinho. depois de beber um copo inteiro ele se levantou e pegou outro, ainda mais cheio. quando o líquido chegou na metade, ele começou a falar sozinho. estranha mania que as pessoas tem de falar sozinhas, e elas me perseguem. ele não conseguia concluir a frase, tirou os óculos e bebeu mais três golinhos.
que horas será que são?
16:20; 9:30; 8:20 em Roma e 3:15 no Cairo. têm muitos relógios nesse lugar.
e aqui, em porto alegre, são apenas 17:17.
o copo acabou, ele se levantou e foi embora. ela ficou sentada, sozinha, vendo o seu personagem ir, sem saber mais nada sobre ele. o copo dela acabou. era de plástico, cheio de água, quatro goles bastaram para que ficasse vazio. lá fora fazia muito calor.
sair ou não sair?
aquele lugar cheio de estranhas pessoas solitárias a fazia se sentir confortável. lá dentro fazia frio.
e ela queria o calor.

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