27 de outubro de 2008

dez da noite

estranha vontade de chorar. estranha sensação de solidão. na parada, uma velha louca berra palavrões reclamando do prefeito eleito. chama ele de ladrão, maconheiro e veado. não tá frio, nem quente. algumas estrelas e poucas nuvens no céu. ainda bem que parou de chover. a velha continua berrando, indignada. ela fala sozinha, com esperança de que ele escute e, o mais surpreendente é que ela fala tudo o que eu queria dizer. ela grita pro mundo o que tá engasgado na garganta de muitas pessoas. e, por isso, ela não passa de uma louca. a insanidade é a salvação da humanidade - ou, talvez, pelo menos, o fim da hipocrisia - ou, talvez não, no fundo todos somos insanos.
entrei no ônibus. a minha vontade agora é de chegar em uma casa vazia, onde eu só encontre eu e possa chorar as minhas lágrimas de crocodilo sozinha.

e tudo isso não passa de uma mentira. vontades alheias que me vem do nada vão embora do nada. agora passando esse texto a limpo acho tudo ridículo, mas, ultimamente, tô tentando lidar com o meu ridiculo e é por isso que - dessa vez - resolvi não apagar tudo.

2 comentários:

  1. todos nos tentamos lidar com nossos ridiculos.
    eles nos fazem pensar em como loucas e riduculas somos.
    mas acho que isso é a graca da vida.

    Lagrimas de crocodilo sao legais!

    te amo!

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  2. caraaaalho! acho mesmo que tu tens que parar de apagar, porque é muito bom o que tu escreve.

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