24 de junho de 2018

viagens, rascunhos, pra não perder a palavra.

18 de junho - férias

Primeiro dia, no céu. De um lado a lua crescente, lá em baixo o oceano, quase chegando no outro continente. Ela assiste desenhos animados porque o mundo das crianças sempre lhe pareceu mais interessante. Depois, enquanto o sono não vem, o sono que talvez nem venha, ela assiste Pocahontas na esperança de entender a criança que tinha uma índia como personagem favorito e de repente faz sentido tudo o que ela se tornou. Pocahontas ia com o vento, para onde ele lhe levasse. Corajosa, queria mais, era leve. Eu vejo a Betânia de ontem aqui, a Betânia criança, hoje, ainda vive. Que bom! Que bom que ela não morreu junto com tanta coisa que a gente perde no caminho. Apaixonada, com o brilho nos olhos, o sorriso fácil e as lágrimas que escorrem sem parar e lhe molham o rosto rosado. Eu sinto, eu vivo, eu sou eu cada vez mais e como é bom poder ser o que eu quiser! Como é bom sentir, como é bom chorar, como é bom sorrir! Estou viva!

O que eu gosto no rio é que ele nunca permanece no mesmo lugar.

Não nada irá nesse mundo apagar o desenho que temos aqui.

Nada nem que a gente morra desmente o que agora chega a minha voz.

Eu não quero dormir.

Caetano canta. O tempo que as vezes passa tão rápido de repente parece não passar, parece parado, parece que voa no mesmo lugar. Eu só queria chegar. Eu só queria poder contar pro mundo tudo isso que tu me faz sentir e que é tão bonito. Tão raro. Logo eu que achei que já não poderia sentir mais, que pensei que viveria de amores impossíveis. Passageiras paixões com prazo de validade bem curto. Eu que pensei que não sentiria mais, que o sexo seria bom só se fosse forte, que a passividade me perseguiria e que nunca mais o prazer viria de outro corpo por mais maravilhoso que fosse ele. Logo eu que sempre acreditei no amor achei que dessa vez realmente havia chegado a minha vez de estar só. E tudo bem. Mas não, você apareceu como quem não quer nada e me deixou assim, toda boba, toda fácil, molhada. Me pegou pela cintura, deu um cheiro no cangote e quase que implorando pra que não acontecesse, tentando fugir e explodindo de tesão: aconteceu. Não conseguimos evitar. E, que bom. Foi bom, está sendo. Eu gosto de fechar os olhos e me perder em lembranças tuas. Te agradeço, sabia? Mesmo que tudo isso não dê em nada, mesmo que eu sofra, mesmo que a gente decida que o melhor é não viver tudo isso, por mais que eu queira e que eu ache que você quer também. Te agradeço. Por me fazer sentir, pela paixão, por me ajudar a me reencontrar. Cada vez que eu te vejo resgato um pedaço meu perdido. Obrigada. 

Todo dia o sol levanta e a gente canta o sol de todo dia. 

Toda a noite a lua amansa e a gente dança venerando a noite. 

Ah como é bom dormir...

Ah como é bom despertar...

O céu é mais aqui.

O bom é um bom lugar.

Quase 19/06. Um dia de aeroporto. Acho chique.

Gosto do que sou quando estou com você, tem gosto de fundo azul, o cheiro de água que sinto, quando te encosto, congela o ano em agosto, gasto os dias com teu gosto, da minha boca gasta de tanto amargar, saudade que desgasta a palavra. sem degustar a palavra.

24/06 - Domingo, dia de São João

A cidade cresce a cada dia, o sol e o calor aumentam, a vontade não passa e é tanto tudo que acontece que parece que viveu um ano em uma semana. Branco. Azul. A pela rosa, levemente vermelha, os cabelos cada vez mais claros, cada dia mais longos, descabelados. Eu pensei que eu vivia de mais. Eu sempre quis ser assim. Fugi pro outro lado do oceano pra descansar e parece que faço mais e mais que já fazia do lado de lá. Parece que o tempo corre e que o mundo é pequeno. E eu querendo estar em todos os lugares. E eu querendo estar. Querendo parar. Querendo esvaziar mas cada vez mais explodindo.



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