5 de julho de 2012

auto-retrato


#inprocess 01 - da série pedaços de mim



eu quero me esvaziar e tirar tudo que existe dentro de mim... eu quero ficar assim crua, nua, livre para ser qualquer coisa. não quero os melhores personagens e nem as histórias mais emocionantes. eu quero o nada, o vazio, o buraco negro escuro do qual todos fogem por não saberem realmente de fato o que é. e eu quero que dele surja o tudo. mas não... não aquele tudo que preenche cada canto, que sufoca os poros e me deixa assim roxa,  sem ar. preciso de espaços vazios para continuar criando... sem cores, sem vida, nunca completamente preenchida. 

pedaços de mim servidos na sala de jantar, separados, fatiados, cozinhados com óleo e alecrim, e um vinho branco para acompanhar. comidos e degustados por paladares aguçados e exigentes. carne de primeira, mal passada, claro. vermelha.



viajante solitária auto-indefinida: nada. um ponto amarelo no mapa. um ser que passa, que deixa rastros e bitucas de cigarro pela estrada. e que depois parte para a próxima fronteira. indentidade, passaporte, carteira de motorista: check. um nada com documentos, com nome, código postal, código de barra e data de validade: até que a morte nos separe, ou até que os percursos da vida nos separem, ou então até que eu não aguente mais ouvir a tua voz e olhar a tua cara... ou até quando o amor acabar, ou até quando agente simplesmente se cansar disso tudo. sem certo e sem errado, sem leis, julgamentos, conceitos e preconceitos. excesso de liberdade.


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