de dentro do cinza do dia brotaram as cores: verde, amarelo e azul. da escuridão brotou o sol e a luz invadiu seus olhos ainda cansados, com vestígios de sono e de sonhos... por fim o verão chegou, a primavera coloriu tudo e ela voltara para casa, uma das tantas casas que tem por aqui, por lá e por outros cantos ainda não descobertos. o café continua o mesmo, os sons da toca amenizaram e as janelas agora estão sempre abertas. sente-se leve e tranquila nesse domingo ensolarado, aqui nessa cozinha, sozinha. desapegada à tudo e à todos, meio sem país, sem casa, sem língua. finalmente livre e cidadã do mundo. pés descalços e muitos parques para serem descobertos. entre pedaladas alheias e tardes sentada na grama ela deixa o tempo passar e os pássaros voarem dançando sobre sua cabeça. foi tudo tão rápido e tão intenso e ao mesmo tempo tudo passou. a cidade continuou a mesma e ao final da viagem ela conseguiu se dar conta que o que mudou foram os seus olhos e o seu ponto de vista, mais sensível, apreciando os pequenos grandes momentos bons e descartando os desagradáveis. aquele equilíbrio tão esperado encontra-se aqui ao seu lado agora e a vontade de viver permanece, que bom. sua cama por essas bandas nunca lhe parecera tão confortável e descobrir novos lugares em ciclovias intermináveis é seu novo passatempo. me contou sobre suas viagens, seus planos, tudo o que viveu e sentiu. as alegrias e as decepções. lhe disseram que não fora na hora certa, que voltara cedo de mais. mas quando é a hora certa? e como desvencilhar-se das vontades e da saudade? saudades apaziguadas... isso quase não sente mais, só aquela boa que permanecerá para sempre. a vontade no momento é ir e vir e só. assume finalmente, agora com unhas e dentes, o seu centauro sagitariano e por um bom tempo pretende galopar tranquila e serena por esse mundo afora, com os cabelos ao vento e os pés descalços. já descobriu todos os seus refúgios também: no quintal de casa, além da grama verde e dos esquilos, ela tem um lindo lago onde se pode escutar o som da água caindo em uma pequena cachoeira... para quando as dúvidas forem muitas e a cidade começar a lhe engolir... lá longe, no porto, descobriu que pode atravesar o rio e ver tudo de fora, ficar admirando a cidade do lado de lá, como um voyer, viajante, andarilho solitário. seus olhos mudaram de cor e do castanho claro passaram a ser amarillos. olhos amarillos para ver além, para ver mais. cores e flores e uma montreal azul ao seu alcance. se sente segura, independente e satisfeita, e fazia tempo que não se sentia tão completa. é tudo o que eu posso lhe adiantar, o que é um beijo se eu posso ter o teu olhar? entretanto, porém, toda via, não vale a pena pagar, um centavo, um retrato de prazer... oh mama, eu quero morrer, bem velinho assim, sozinho, ali bebendo um vinho olhando a bunda de alguém. eu sigo girando, vivendo de paixão e alguma grana.
12 de junho de 2012
a viagem continua
de dentro do cinza do dia brotaram as cores: verde, amarelo e azul. da escuridão brotou o sol e a luz invadiu seus olhos ainda cansados, com vestígios de sono e de sonhos... por fim o verão chegou, a primavera coloriu tudo e ela voltara para casa, uma das tantas casas que tem por aqui, por lá e por outros cantos ainda não descobertos. o café continua o mesmo, os sons da toca amenizaram e as janelas agora estão sempre abertas. sente-se leve e tranquila nesse domingo ensolarado, aqui nessa cozinha, sozinha. desapegada à tudo e à todos, meio sem país, sem casa, sem língua. finalmente livre e cidadã do mundo. pés descalços e muitos parques para serem descobertos. entre pedaladas alheias e tardes sentada na grama ela deixa o tempo passar e os pássaros voarem dançando sobre sua cabeça. foi tudo tão rápido e tão intenso e ao mesmo tempo tudo passou. a cidade continuou a mesma e ao final da viagem ela conseguiu se dar conta que o que mudou foram os seus olhos e o seu ponto de vista, mais sensível, apreciando os pequenos grandes momentos bons e descartando os desagradáveis. aquele equilíbrio tão esperado encontra-se aqui ao seu lado agora e a vontade de viver permanece, que bom. sua cama por essas bandas nunca lhe parecera tão confortável e descobrir novos lugares em ciclovias intermináveis é seu novo passatempo. me contou sobre suas viagens, seus planos, tudo o que viveu e sentiu. as alegrias e as decepções. lhe disseram que não fora na hora certa, que voltara cedo de mais. mas quando é a hora certa? e como desvencilhar-se das vontades e da saudade? saudades apaziguadas... isso quase não sente mais, só aquela boa que permanecerá para sempre. a vontade no momento é ir e vir e só. assume finalmente, agora com unhas e dentes, o seu centauro sagitariano e por um bom tempo pretende galopar tranquila e serena por esse mundo afora, com os cabelos ao vento e os pés descalços. já descobriu todos os seus refúgios também: no quintal de casa, além da grama verde e dos esquilos, ela tem um lindo lago onde se pode escutar o som da água caindo em uma pequena cachoeira... para quando as dúvidas forem muitas e a cidade começar a lhe engolir... lá longe, no porto, descobriu que pode atravesar o rio e ver tudo de fora, ficar admirando a cidade do lado de lá, como um voyer, viajante, andarilho solitário. seus olhos mudaram de cor e do castanho claro passaram a ser amarillos. olhos amarillos para ver além, para ver mais. cores e flores e uma montreal azul ao seu alcance. se sente segura, independente e satisfeita, e fazia tempo que não se sentia tão completa. é tudo o que eu posso lhe adiantar, o que é um beijo se eu posso ter o teu olhar? entretanto, porém, toda via, não vale a pena pagar, um centavo, um retrato de prazer... oh mama, eu quero morrer, bem velinho assim, sozinho, ali bebendo um vinho olhando a bunda de alguém. eu sigo girando, vivendo de paixão e alguma grana.
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