27 de junho de 2009

o sinal abriu, e ela continuou no meio da rua.



era noite. e chovia, uma chuva fininha e molhada, fria. ela passou as mãos nos cabelos, olhou pra cima e no meio daquelas milhares de gotas que caiam do céu enxergou o vermelho forte da sinaleira. ficou ali parada, olhando os carros, a rua molhada. como é bonita uma noite chuvosa, o céu cinza, o chão brilhando. tantos carros com tantas luzes, luzes refletidas no molhado fazendo desenhos amarelos cintilantes no asfalto, lindo. por um segundo a vida poderia ser só aquilo, tudo tão simples e tão bonito, eles me olhando e eu molhada, feliz.
sem pensar em nada, começou a escutar o som de buzinas, de todas as formas e de todos os volumes. olhou pra cima e no meio das gotas que caiam do céu enxergou uma luz verde. olhou pra frente e ficou imóvel. todos os carros vindo na direção dela, buzinando e desviando. sentiu medo, sentiu frio. e ao mesmo tempo tudo aquilo era maravilhoso, era como se de repente toda a dor fosse acabar, era como uma mensagem divina. viu o quão inútil era tudo aquilo, viu como o mundo é pequeno e as coisas que parecem grandes no fundo são mesquinhas e minúsculas. de repente tudo ficou simples, as luzes dos carros foram aumentando, e o som das buzinas foi diminuindo e a chuva foi ficando seca e o céu uma mistura de azul com cinza.
e no meio de tudo isso se sentiu livre, respirou e saiu correndo.

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